Enquanto o Brasil sente os efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia, um novo conflito geopolítico pode afetar ainda mais a economia brasileira: a crise China-Taiwan após a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha que balança a Ásia. Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) mostram que Taiwan é o 42º país a comprar mais do Brasil: US$ 1,3 bilhão só em 2021 e US$ 804 milhões entre janeiro e julho deste ano. A China, por outro lado, é o elefante na sala: no ano passado, o Brasil teve um superávit de US$ 40,2 bilhões com Pequim, a relação comercial mais importante do Brasil no mundo.
Em 2021, o Brasil importou US$ 2,7 bilhões em produtos de Taiwan, ou seja, H. a balança comercial apresenta déficit de R$ 1,3 bilhão. Na prática, o Brasil compra o dobro do que vende na ilha. A principal demanda brasileira diz respeito às válvulas termiônicas, dispositivos utilizados principalmente na indústria de instrumentos musicais para a construção de alto-falantes: 41% das compras são provenientes do setor. Mas também são relevantes os equipamentos de telecomunicações (5%), a indústria transformadora (4,9%) e as máquinas de processamento de dados (4,4%).
Além de Taiwan, a maior preocupação é com o impacto das tensões na balança comercial entre Brasil e China. Assim como Taiwan, cerca de 40% das vendas do Brasil para Pequim vieram da soja, mas minério de ferro (20%), petróleo (16%) e carne bovina (8,1%) também são muito relevantes. Por outro lado, o Brasil importa diversos produtos do gigante asiático, como fertilizantes, eletrodomésticos, inseticidas, válvulas termiônicas e medicamentos, sem dominar nenhum setor específico.
O Brasil deve se posicionar no conflito entre China e Taiwan?
Com as tensões geradas pelos EUA na Ásia, a questão permanece: o Brasil deve se posicionar publicamente, como o presidente Bolsonaro fez na guerra Rússia-Ucrânia quando visitou Putin semanas antes do início do conflito no Leste Europeu? Segundo especialistas, a forma mais adequada é a neutralidade.
Evandro Menezes de Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da Fundação Getúlio Vargas (FGV), lembra que o Brasil reconheceu a República Popular da China em 1974, durante a ditadura militar. Segundo ele, desde o fim da guerra civil entre nacionalistas e comunistas que terminou em 1949, nunca houve qualquer tensão entre Pequim e Taiwan. O coordenador explica que não há luta pelo reconhecimento da ilha como país independente, mas sim se a China for governada por comunistas ou nacionalistas.
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