Como a trégua na guerra comercial entre a China e os Estados Unidos afeta o comércio exterior?

Como a trégua na guerra comercial entre a China e os Estados Unidos afeta o comércio exterior?

 

Desde 2018, os Estados Unidos e a China travam uma guerra comercial, que teve início no primeiro mandato de Donald Trump, quando Washington impôs tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses, sob a justificativa de práticas comerciais desleais e roubo de propriedade intelectual. Em resposta, Pequim aplicou tarifas equivalentes sobre produtos norte-americanos, incluindo a soja, um dos pilares das exportações agrícolas dos EUA. O conflito marcou o maior embate econômico entre as duas maiores potências do mundo desde a Guerra Fria, afetando cadeias produtivas globais, elevando custos e gerando incertezas para empresas e investidores.

 

Mesmo em meio às tensões, a China segue como o maior parceiro comercial dos EUA na Ásia, e ambos dependem mutuamente em áreas estratégicas, como semicondutores, equipamentos eletrônicos e commodities agrícolas. Essa interdependência explica por que qualquer avanço ou retrocesso na relação sino-americana repercute diretamente em toda a economia global.

 

A guerra dos chips

Um dos principais produtos que se destacaram em meio a esse conflito foram os chips semicondutores, daí a chamada “guerra dos chips” veio à tona. Os Estados Unidos impuseram sanções que limitam o acesso da China a tecnologias avançadas, especialmente semicondutores usados em inteligência artificial e defesa. Empresas como a norte-americana Nvidia foram diretamente afetadas, já que cerca de 25% das suas vendas dependem do mercado chinês.

 

Por outro lado, a China tem investido bilhões de dólares para desenvolver uma indústria de chips auto suficiente, reduzindo sua dependência de fornecedores ocidentais. Essa disputa tecnológica redefine a geopolítica global, afetando desde grandes corporações até as cadeias produtivas em países emergentes.

 

O “tarifaço” de Trump

No dia 2 de abril de 2025, Donald Trump, anunciou novas tarifas comerciais sobre importações de mais de 180 países, intensificando a guerra comercial com a China e atingindo também o Brasil. As tarifas mínimas foram fixadas em 10%, aplicadas a países como Brasil, Argentina e Austrália, enquanto China, Índia e União Europeia enfrentaram alíquotas muito maiores de até 54%.

 

Chamado por Trump de “Dia da Libertação”, o pacote tarifário foi apresentado como uma medida de “reciprocidade”, mas especialistas apontam motivações políticas e caráter punitivo contra nações com superávit comercial com os EUA. A reação global foi imediata: bolsas de valores despencaram, países ameaçaram retaliações e investidores demonstraram forte cautela. Essa medida, no entanto, teve uma série de desdobramentos na China, no Brasil e em todo o mundo, com retaliações e também novos acordos.

 

O encontro entre Trump e Xi Jinping e a trégua de um ano

 

No dia 30 de outubro, em Busan, na Coreia do Sul, Donald Trump e Xi Jinping anunciaram uma trégua de um ano na guerra comercial. O acordo prevê a redução das tarifas médias dos EUA sobre produtos chineses para 47% (cerca de 10 pontos percentuais abaixo do valor anterior) e a suspensão das restrições chinesas à exportação de terras raras, que são minerais essenciais para a fabricação de chips, baterias e turbinas. Além disso, a China se comprometeu a retomar a compra de soja americana, com um volume mínimo de 25 milhões de toneladas por ano nos próximos três anos, e a reabrir negociações sobre a presença do TikTok nos EUA.

 

Embora o acordo tenha sido comemorado como um sinal de estabilidade, ele favorece diretamente Washington e Pequim, enquanto deixa c, como o Brasil, em posição de vulnerabilidade estratégica. Isso porque, durante os períodos de tensão comercial, o Brasil havia ampliado sua participação no mercado chinês de soja e minério.

 

Impactos para o Brasil e o comércio internacional

Com a retomada das compras de soja americana, parte da demanda que sustentava o superávit brasileiro pode se dissipar, pressionando preços internacionais e reduzindo margens do agronegócio. O Brasil também pode ser forçado a buscar novos mercados, muitas vezes menos rentáveis, ou aceitar condições comerciais menos vantajosas.

Além disso, a redução das tarifas dos EUA sobre produtos chineses afeta a competitividade de exportações brasileiras de manufaturados, como aço, celulose e equipamentos elétricos.

 

Em um cenário mais amplo, a suspensão das restrições chinesas às terras raras reforça o duopólio tecnológico entre EUA e China, enfraquecendo os esforços de diversificação e diminuindo o interesse global por fornecedores alternativos, como o Brasil, que vinha tentando atrair investimentos na mineração e no refino desses minerais.

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Fontes:

https://www.reuters.com/world/china/trump-xi-amazing-summit-brings-tactical-truce-not-major-reset-2025-10-30/

https://www.nytimes.com/2025/10/30/business/us-trump-china-xi-trade.html

 

https://exame.com/mundo/trump-e-xi-reduzem-tensao-apos-encontro-mas-nao-fazem-acordos-entenda/

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