Comércio exterior em apuros: o que está acontecendo no Canal do Panamá?

Comércio exterior em apuros: o que está acontecendo no Canal do Panamá?

O comércio exterior vem sofrendo fortes impactos devido a diversas situações atípicas que influenciaram negativamente no comércio mundial, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, os piratas ligados ao grupo Hamas no mar vermelho e as alterações climáticas, que são tão importantes quanto os demais fatores descritos anteriormente.

 

As quatro principais passagens marítimas do mundo – o Canal de Suez, o Estreito de Ormuz, o Estreito de Malaca e o Canal do Panamá, também estão vivenciando diversos acontecimentos que influenciam no trânsito mundial de navios, cada qual com sua especificidade. No momento, contudo, o foco está no canal do Panamá, que é o responsável por conectar o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, que desempenha um papel crucial no comércio marítimo internacional e facilita o transporte de mercadorias entre o Leste e o Oeste.

 

Vamos, então, entender o que está acontecendo com esse canal? Boa leitura!

Canal do Panamá: um pouco de sua história

 

Situado na América Central, o Canal do Panamá é uma via artificial considerada uma das conquistas mais notáveis da engenharia moderna. A obra foi inaugurada em 1914 contemplando 82 km de comprimento e conectando o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. Antes de sua inauguração, o trajeto entre o oceano pacífico e o atlântico era de mais de 20 mil km e durava em torno de 10 dias. Após a construção do canal do Panamá, os navios realizam sua travessia em um tempo em torno de 8 a 10 horas.

 

A iniciativa dessa construção ocorreu no século XIX, por impulso do francês Ferdinand de Lesseps, quem negociou com a Colômbia a obtenção de permissão para a construção do canal, o que originou a Companhia Universal do Canal Interoceânico do Panamá.

 

Juntamente com o início do projeto, surgiram alguns empecilhos, como o clima local, uma vez que favorecia o crescimento de doenças, como a febre amarela e a malária, entre outras, causando a morte de inúmeros operários. Além disso, o projeto original era formado por um único nível, o que causou desabamentos das encostas pelas ondas do mar. Assim, em 1889 a empresa faliu, não tendo o êxito almejado nessa tão importante iniciativa.

 

Diante disso, os Estados Unidos entraram no negócio comprando ações da empresa já falida, enviaram tropas militares para o Panamá para evitar possíveis golpes vindos da Colômbia, apoiaram aquele país em seu processo de independência e conquistaram a autorização necessária para a construção do canal. Durante seus 10 anos de duração, mais de 75 mil trabalhadores foram enviados para participar da execução do projeto.

Processo de construção do canal do Panamá

Processo de construção do canal do Panamá
Fonte: infoescola

 

Em 1977, o Panamá reivindicou a soberania do canal devido à ausência de retornos econômicos dos Estados Unidos ao país. Dessa forma, o tratado Carter-Torrijos que reconheceu a soberania foi finalmente assinado, porém seria somente em 1999 que a gestão do Canal passou a ser exclusivamente panamenha.

 

Ao passar dos anos, paralelamente com o aumento do comércio mundial, houve a necessidade de expansão do canal, que só finalizou em 2016. Incrementou-se o número de embarcações de grande porte, permitindo-se a passagem de navios maiores e mais pesados, o que também aumentou a capacidade e eficiência do Canal.

Canal do Panamá: Qual é a sua importância?

 

Conforme apontado anteriormente, o Canal do Panamá oferece uma rota crucial entre os oceanos Atlântico e Pacífico, visto que facilita o transporte de cargas em escala mundial e encurta significativamente as viagens marítimas (uma viagem de dias passa a demorar apenas umas horas).

 

Conforme o informe anual 2023 – Canal de Panamá, cerca de 3% do comércio marítimo mundial utiliza-se do Canal, servindo de ligação de 180 rotas marítimas, de 170 países através de 1.920 portos em nível mundial.

 

De fato, entre seus clientes estão as maiores empresas de transporte de mercadorias do mundo, como a Companhia Sulamericana de Vapor, CMA CGM, China Ocean Shipping, American President Line, Hamburg-Sud ou Maersk, e de mais uma longa lista de conglomerados comerciais. Todos pagam milhares de dólares para que seus gigantescos navios porta-contêineres possam usar essa passagem marítima. Ademais, nela passam navios com gás natural liquefeito (GNL), que é um produto regularmente enviado pelos Estados Unidos aos mercados asiáticos.

 

As principais rotas comerciais do Canal do Panamá (por tonelagem) são as seguintes:

  • Costa Leste dos Estados Unidos – Ásia
  • Costa Leste dos Estados Unidos – Costa Oeste da América do Sul
  • Costa oeste da América do Sul – Europa
  • Rota Intercostal da América do Sul
  • Costa leste da América do Sul – Ásia

 

Observe-se que os EUA estão em primeiro lugar no ranking de países por origem e destino de cargas que utilizam este canal, segundo dados informados de 2023, que podem ser vistos na tabela abaixo.  A China ocupa o segundo lugar, e o Brasil o 18°.

 

Ranking de países por origem e destino de carga (toneladas) / 2023 (dados originais, em espanhol)

Fonte: Informe anual 2023 – Canal de Panamá
Fonte: Informe anual 2023 – Canal de Panamá

 

As principais mercadorias transportadas no canal durante o ano de 2023 são os produtos derivados do petróleo; em segundo lugar estão os navios porta-contêineres.

 

Ranking de produtos (toneladas) entre os anos 2021, 2022 e 2023

Ranking de produtos (toneladas) entre os anos 2021, 2022 e 2023
Fonte: Informe anual 2023 – Canal de Panamá

O informe anual 2023 – Canal de Panamá, também aborda resultados operacionais, destacando que o Canal encerrou o ano fiscal de 2023 com receitas arrecadadas de $4.968 milhões de Balboa panamenho, sendo $645 milhões ou 14,9% a mais que ano fiscal de 2022. Em questão de toneladas, o trânsito em 2023 foi de 511,1 milhões CP/ SUAB (Sistema Universal de Medição de Navios para o Canal do Panamá) que representam uma diminuição de apenas 1,5% em comparação com a tonelagem do ano fiscal anterior.

 

Comparação entre os anos fiscais – total de receita e toneladas

Comparação entre os anos fiscais – total de receita e toneladas
Fonte: Informe anual 2023 – Canal de Panamá

 

Para 2024, apesar da escassez de água, as receitas orçamentadas devem superar em 2,7% as receitas de 2023, devido ao resultado do pedágio escalonado que foi implementado em janeiro de 2023 e que termina em 2025. Nesse sentido, as receitas do canal, para o ano fiscal de 2024, serão oriundas de 74,56% de pedágios, 23,21% de outras receitas de serviços marítimos, 1,05% de comercialização de energia elétrica, 0,73% de venda de água potável e 0,45% para outros serviços.

Canal do Panamá: mas enfim, o que está acontecendo?

 

O Canal do Panamá está secando!

 

Em 2023 choveu 30% a menos que o habitual, destaca o informe anual 2023 – Canal de Panamá. Isto permitiu o armazenamento de apenas 50% da água que foi necessária para lidar com as demandas durante a seca de 2024. Registros históricos indicam que o canal está enfrentando o segundo ano mais seco dos últimos 73 anos.

 

Vários fatores combinados causaram este baixo nível de água. O primeiro deles foi o início precoce da seca em 2023, havendo uma extensão deste período além do habitual, com duração de mais de 5 meses. Ademais, no dia 8 de junho, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA – em inglês) declarou o início do evento El Niño, que agravou a situação dos reservatórios, devido à ausência de chuva associada a este fenômeno.

 

Abaixo, pode-se observar que a operação costumava envolver cerca de 36 navios. Atualmente, contudo, está em apenas 27, devido à falta de água no local.

 

Nível de Água – abril 2024

Nível de Água – abril 2024
Fonte: https://pancanal.com/agua/

 

Várias medidas de urgência estão sendo tomadas para reverter a situação, entre as que se destacam:

 

  • Realizar bloqueios nas eclusas Pedro Miguel e Gatún;
  • Uso de locais para captação e economia de água nas eclusas neopanamax;
  • Projeto de restrição de quantidade de trânsitos diários;
  • Realizar bloqueios de câmara nas eclusas panamax quando as dimensões da embarcação o permitirem;
  • Minimizar mudanças de direção em eclusas de Gatún;
  • Controlar e eliminar vazamentos de água em válvulas e portões;
  • Suspender bloqueios especiais (só são realizados devido a necessidades operacionais);
  • Suspender a assistência hidráulica durante os bloqueios;
  • Minimizar a hidrogenação.

 

Planeja-se investir US$8,5 bilhões nos próximos cinco anos em projetos sustentáveis para evitar futuras situações como esta.

Canal do Panamá: como a Porthos pode auxiliar?

 

Como mencionado acima, o canal do Panamá não se encontra no melhor momento de sua história, visto isso, os importadores brasileiros, sem sombra de dúvidas, devem ter um cuidado maior no planejamento das importações, assim havendo a possibilidade de evitar que este fenômeno afete o desempenho nos negócios.

 

Nós da Porthos, temos total expertise com importações oriundas dos EUA, e podemos auxiliar sua empresa para oferecer os fretes marítimos mais vantajosos e, assim, evitarmos esses inconvenientes. Trabalhamos com os melhores armadores, oferecemos preços justos aos nossos clientes, e principalmente prestamos serviço de excelência, sempre fazemos a análise de todas as rotas antes de oferecer qualquer serviço.

 

Nós trabalhamos com empatia e amamos o que fazemos, então nosso foco é auxiliar o cliente a ter o melhor desempenho possível nos seus processos. Afinal, nós também somos consumidores dos produtos de nossos clientes.

 

Conte conosco sempre!

 

Referências:

BARBATO, Luis Fernando Tosta; FONSECA, Gabriella Misael Silva. O Canal do Panamá, sua história e sua importância logística para o comércio internacional. Revista Verde Grande: Geografia e Interdisciplinaridade, v. 4, n. 01, p. 98-110, 2022. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/verdegrande/article/view/4624/5186. Acesso em: 10/04/2024

Fleury, Michelle. O Canal do Panamá tem salvação? BBC News, 10/03/2024. Disponível em:

https://www.bbc.com/portuguese/articles/czdzeed3e08o. Acesso em: 09/04/2024.

Informe Anual 2023. Autoridad del Canal de Panamá. Disponível em: https://pancanal.com/wp-content/uploads/2021/09/Informe-2023EspFINAL.pdf. Acesso em: 10/04/2024

Quanto ganha o Panamá com seu famoso canal (e quem se beneficia desse lucro). BBC News Brasil, 06/01/2020.  Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50988193. Acesso em: 10/04/2024.

Ribeiro, Amorolina. Canal do Panamá. Infoescola. Disponível em: https://www.infoescola.com/hidrografia/canal-do-panama/. Acesso em: 09/04/2024.

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