A relação entre Brasil e Coreia do Sul tem se fortalecido nos últimos anos, abrindo novos caminhos para o comércio e investimentos entre as duas nações.
O crescente interesse dos brasileiros pela Coreia do Sul vai além dos produtos renomados das marcas Hyundai e Samsung, que já conquistaram um lugar de destaque no mercado brasileiro. A cultura pop coreana, incluindo a música K-Pop e os doramas (novelas), tem ganhado uma legião de fãs no Brasil. Grupos de K-Pop influenciam a moda e o comportamento dos jovens brasileiros. Os doramas, estão cada vez mais populares em plataformas de streaming, abrindo novas oportunidades para intercâmbios culturais e comerciais.
Com suas economias complementares e interesses mútuos em tecnologia, indústria e infraestrutura, ambos os países estão explorando oportunidades promissoras de colaboração. Esta parceria estratégica tem o potencial de impulsionar o crescimento econômico e a inovação em setores-chave, beneficiando tanto o Brasil quanto a Coreia do Sul.
Este artigo examina os horizontes que se abrem para as relações comerciais e de investimento entre Brasil e Coreia do Sul. Serão analisados o panorama econômico atual entre os dois países, os setores estratégicos para cooperação, como aeronáutica e meio ambiente, e as iniciativas governamentais e institucionais que estão fomentando essa parceria. Além disso, serão discutidas as perspectivas futuras e os desafios a serem superados para maximizar os benefícios mútuos dessa colaboração bilateral.
Panorama Econômico Brasil-Coreia do Sul
Histórico das Relações
As relações diplomáticas entre Brasil e Coreia do Sul foram estabelecidas em 1959, mas permaneceram em níveis baixos por décadas . Um marco importante ocorreu em 1989, com a assinatura de um memorando para estabelecer uma Comissão Mista visando fomentar a cooperação nos anos 1990 . Em 1991, o Brasil apoiou o ingresso da Coreia do Sul na ONU, fortalecendo os laços diplomáticos .
Dados Comerciais Recentes
As relações comerciais entre Brasil e Coreia do Sul têm mostrado flutuações recentes. No período de janeiro a julho de 2024, as exportações brasileiras para a Coreia do Sul somaram US$ 2.743,8 milhões, uma queda de 12,6% em relação ao mesmo período do ano anterior . As importações, por outro lado, cresceram 2,8%, atingindo US$ 2.998,4 milhões . A corrente de comércio totalizou US$ 5.742,2 milhões, com um déficit de US$ 254,6 milhões para o Brasil .
Impacto na Economia Regional
As negociações para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Coreia do Sul, iniciadas em 2018, prometem impactos positivos significativos . Estimativas da Secex apontam para um aumento de 0,37% no PIB brasileiro, 1,02% nos investimentos e 1,45% nas exportações até 2040 . Em termos acumulados, projeta-se um impacto de R$ 416,8 bilhões no PIB e R$ 231,3 bilhões nas exportações brasileiras .
Setores Estratégicos para Cooperação
Tecnologia e Inovação
A cooperação em tecnologia e inovação entre Brasil e Coreia do Sul tem se intensificado nos últimos anos. O Fórum de Comércio e Inovação Coreia do Sul – América Latina, promovido pelo BID e pelo Ministério da Economia e Finanças da República da Coreia, destacou oportunidades para os coreanos nas áreas de tecnologia . A colaboração em tecnologias da informação e comunicação (TICs) tem sido prioritária, com foco em 5G e internet das coisas (IoT) .
Energia Renovável
A transição energética é um setor-chave para cooperação. A Coreia do Sul e o Chile assinaram um memorando para expandir a cooperação no setor de hidrogênio de baixo carbono, visando trocar tecnologias de produção, armazenamento e transporte . Esta iniciativa pode servir de modelo para parcerias semelhantes com o Brasil, considerando o compromisso coreano de se tornar neutro em carbono até 2050 .
Indústria da Saúde e Aeronáutica
O complexo industrial da saúde e a aeronáutica foram identificados como setores estratégicos para cooperação . Na área aeroespacial, a parceria entre Brasil e a empresa Innospace reforça a cooperação bilateral, com a assinatura de um contrato para operar comercialmente no Centro Espacial de Alcântara (CEA) . Esta colaboração demonstra o potencial de ampliar a indústria aeroespacial entre os dois países .
Iniciativas Governamentais e Institucionais
Políticas de Incentivo
As relações entre Brasil e Coreia do Sul têm se fortalecido desde o estabelecimento das relações diplomáticas em 1959. Em 1989, foi firmado um memorando para estabelecer uma Comissão Mista, visando fomentar a cooperação nos anos 1990 . O Brasil apoiou o ingresso da Coreia do Sul na ONU em 1991, fortalecendo os laços diplomáticos .
Papel do BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tem desempenhado um papel crucial na promoção da cooperação entre a Coreia do Sul e a América Latina. Recentemente, o presidente do BID, Ilan Goldfajn, anunciou a assinatura de um memorando de entendimento com o Banco de Exportação e Importação da Coreia do Sul (KEXIM), alocando cerca de US$ 300 milhões para fortalecer o financiamento do BID .
Acordos Bilaterais
Os dois países têm assinado diversos acordos bilaterais ao longo dos anos. Em 2001, foi firmado o Acordo de Cooperação de Uso Pacífico de Energia Nuclear e o Acordo de Isenção de Vistos em Passaportes Regulares . Em 2015, foram assinados nove atos institucionais de cooperação, incluindo colaboração em pesquisa e desenvolvimento de comunicação 5G e cooperação na área de energia nuclear .
Conclusão
A parceria entre Brasil e Coreia do Sul tem uma influência significativa no crescimento econômico e na inovação de ambos os países. A colaboração em setores estratégicos, como tecnologia, energia renovável e aeronáutica, abre caminho para avanços importantes e oportunidades de negócios. O papel das instituições governamentais e financeiras, como o BID, é crucial para fortalecer essa cooperação bilateral.
O futuro dessa relação parece promissor, com potencial para expandir o comércio e os investimentos mútuos. No entanto, para aproveitar ao máximo essas oportunidades, é essencial superar desafios e continuar fortalecendo os laços diplomáticos e econômicos. Com esforços conjuntos e uma visão compartilhada de prosperidade, Brasil e Coreia do Sul estão bem posicionados para colher os frutos dessa parceria estratégica nos próximos anos.
