Como o período de seca no Amazonas impacta a logística brasileira?

Como o período de seca no Amazonas impacta a logística brasileira?

Nos últimos anos, a logística brasileira tem enfrentado um desafio cada vez mais frequente: a seca no Amazonas. A estiagem, que reduz drasticamente o nível dos rios e dificulta a navegação fluvial, impacta diretamente a cabotagem e o abastecimento de um dos principais polos industriais do país, a Zona Franca de Manaus.

 

Nos últimos dois anos, a situação da região chegou a níveis alarmantes após o nível dos rios atingir recordes mínimos, interrompendo o tráfego de navios por meses e afetando a produção e distribuição de mercadorias. Mais de 860 mil pessoas foram prejudicadas nesses dois anos, e apenas em 2023, as sobretaxas aplicadas pelas empresas de navegação para compensar a perda de capacidade somaram R$1,5 bilhão, segundo o Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas).

 

Para 2025, a previsão é de uma seca mais branda, mas o setor está se preparando a fim de evitar maiores prejuízos. Empresas e autoridades já adotam medidas preventivas, como a instalação de terminais flutuantes e a antecipação de pedidos, para minimizar riscos.

 

O transporte de cargas para Manaus depende majoritariamente da navegação fluvial. A cabotagem, transporte marítimo de cargas entre portos brasileiros, conecta o Sul e o Sudeste ao Norte, mas para chegar a Manaus é necessário subir o rio Amazonas, cujo trecho mais crítico fica em Itacoatiara (AM). Logo, nas secas severas, navios de grande porte não conseguem navegar até a capital.

 

Em 2024, o grupo Chibatão e a Super Terminais construíram terminais flutuantes em Itacoatiara para permitir o transbordo de cargas de grandes embarcações para balsas de calado menor. Essas balsas completam o trajeto até Manaus, evitando um colapso logístico.

 

Neste ano, ainda não há decisão definitiva sobre a montagem das estruturas, mas as empresas já têm licenças e equipamentos preparados para agir rapidamente caso a estiagem se agrave.

 

Impacto na Zona Franca de Manaus

 

 

A Zona Franca de Manaus é responsável por fabricar produtos que abastecem todo o Brasil, especialmente eletroeletrônicos, motocicletas e bens de alto valor agregado. Sendo assim, uma cadeia logística eficiente é vital para que a produção não seja interrompida.

 

A antecipação de pedidos tem sido uma das estratégias mais usadas pelas indústrias locais para contornar a incerteza do nível dos rios. Entretanto, esse planejamento exige capital e capacidade de armazenagem, o que nem todos os setores possuem.

 

Quando a navegação é prejudicada, o tempo de entrega aumenta, os custos sobem e há risco de falta de produtos no mercado nacional.

 

Esse tipo de problema não é exclusivo do Brasil, podemos perceber que eventos climáticos extremos têm provocado interrupções na cadeia logística global. Furacões no Golfo do México já paralisaram portos importantes, como o de Houston, afetando exportações de petróleo e derivados, a seca histórica no Canal do Panamá em 2023 reduziu o tráfego de navios, causando atrasos e encarecendo fretes para rotas que ligam a Ásia às Américas, o tsunami no Japão em 2011 afetou fábricas de semicondutores e automóveis, gerando falta de componentes em todo o mundo, dentre outros tantos exemplos.

 

Além das taxas extras cobradas durante a estiagem, outra medida adotada foi o contrato de dragagem pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para manter a profundidade mínima do rio. O governo afirma que a ação tem sido eficaz, mas representantes da indústria, como o Cieam, apontam falta de estudos e questionam sua real utilidade.

 

Embora 2025 deva registrar uma estiagem menos severa, especialistas alertam que eventos climáticos tendem a se tornar mais frequentes e imprevisíveis, impulsionados pelas mudanças climáticas. Para a logística brasileira, isso significa que a adaptação será contínua, combinando infraestrutura flexível, planejamento antecipado e soluções tecnológicas.

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Fonte:https://cieam.com.br/noticias/cieam-vai-a-secretaria-de-hidrovias-em-busca-de-solucoes-para-a-vazante-de-2025-no-amazonas

 

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