Brasil e Estados Unidos são parceiros comerciais de longa data, sendo o gigante norte americano o segundo principal destino das nossas exportações e também o segundo principal fornecedor de mercadorias para o Brasil, ficando atrás da China, somente.
Vamos conhecer um pouco mais sobre essas relações e a importância de um país para o outro, entendendo o histórico, o presente e as perspectivas para o futuro?
Histórico da parceria econômica
Em 2024, Brasil e Estados Unidos celebraram 200 anos de relações diplomáticas. A relação teve início quando os EUA reconheceram a independência do nosso país, ainda em 1824, sendo o Brasil o primeiro país latino-americano a ter um representante nos Estados Unidos.
Durante esses dois séculos de parceria, houve uma série de altos e baixos, visto que até a última década do século XIX, por exemplo, os Estados Unidos ainda eram “segundo plano” na nossa economia, pois o Brasil tinha relações mais fortes com a Europa, principalmente com a Grã-Bretanha. Porém, pouco a pouco, os movimentos republicanos no Brasil foram moldando um novo cenário e a partir da abertura do mercado estadunidense para o café brasileiro, o país se tornou o principal destino dos nossos grãos.
Principais setores envolvidos no comércio bilateral
Tanto nas importações como nas exportações, os produtos industrializados são os grandes destaques nessa relação entre Brasil e Estados Unidos. Em 2024, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o Brasil exportou aproximadamente US$40,3 bilhões em mercadorias para os EUA, sendo os produtos da indústria de transformação responsáveis por 80% do total embarcado. Do ponto de vista das importações, que totalizaram US$40,5 bilhões em 2024, os itens das indústrias americanas foram responsáveis por quase 90% de tudo que o Brasil demandou nos 12 meses.
Além desse setor, produtos da indústria extrativa (como petróleo, carvão e GNV) também fazem parte das trocas comerciais entre os dois países, assim como o café brasileiro, que segue tendo os EUA como um importante destino.
Acordos bilaterais
Os acordos firmados entre dois (ou mais) países e blocos econômicos são essenciais para o comércio exterior! Os acordos podem possuir diversas vertentes, além do comércio, como cooperação em segurança, tecnologia, educação, imigração, saúde e muito mais.
Nesses 200 anos de relação Brasil x Estados Unidos, uma série de acordos bilaterais foram firmados, contribuindo significativamente para o avanço dos dois países em diferentes setores, sendo alguns deles:
- Acordo Entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América Relativo à Cooperação em Ciência e Tecnologia (1986);
- Acordo sobre Transporte Aéreo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América (1992);
- Acordo de Cooperação Mútua entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América para a Redução da Demanda, Prevenção do Uso Indevido e Combate à Produção e ao Tráfico Ilícitos de Entorpecentes (1997);
- Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América (2001);
- Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e os Estados Unidos das América Relativo à Assistência Mútua entre as suas Administrações Aduaneiras (2004);
- Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América sobre Cooperação em Matéria de Defesa (2015);
- Acordo de Previdência Social entre a República Federativa do Brasil e os Estados Unidos da América (2018);
- Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América sobre Salvaguardas Tecnológicas relacionadas à Participação dos Estados Unidos da América em lançamentos a partir do Centro Espacial de Alcântara (2019).
O que os dois países comercializam entre eles?
Conforme citamos anteriormente, os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Vamos analisar quais os principais produtos comercializados entre eles?
Nas exportações brasileiras destinadas aos Estados Unidos, o grande destaque em 2024 foi o petróleo bruto, com 14% de participação e alta de 23,1% em relação ao ano de 2023. Em seguida, aparece uma série de produtos da indústria de transformação, como itens de ferro e aço, aeronaves, ferro-gusa, celulosa, sucos de frutas, carne bovina, e claro, o café.
Já nas importações oriundas dos Estados Unidos, os motores e máquinas não elétricos foram os grandes destaques em 2024, com 15% de participação, seguidos dos óleos de petróleo, aeronaves, GNV, carvão, polímeros, medicamentos e muito mais.
O Que Esperar do Comércio Brasil e EUA em 2025?
As relações comerciais entre Brasil e EUA mostram um cenário otimista para 2025, com o Termômetro de Negócios BR-EUA registrando 58,2 pontos em uma escala de 1 a 100. De fato, o volume comercial entre os países alcançou US$ 73,9 bilhões apenas entre janeiro e novembro de 2024, demonstrando a força dessa parceria.
No entanto, o cenário apresenta desafios significativos. A balança comercial do Brasil fechou 2024 com superávit de US$ 71,1 bilhões, uma redução de 27,2% em comparação com anos anteriores. Além disso, as possíveis mudanças nas políticas comerciais americanas, incluindo a proposta de Donald Trump de impor tarifas de até 60% sobre produtos chineses, podem impactar diretamente nossa dinâmica comercial.
Uma tendência significativa que observamos é o aumento consistente nas exportações de petróleo, que se tornou, pela primeira vez, nosso principal produto exportado para os EUA, com participação de 13,3%. Em contrapartida, as importações de bens de capital cresceram expressivamente, com alta de 25,6% em volume, indicando um fortalecimento do setor produtivo.
O MDIC projeta que nossas exportações totais devem atingir entre US$ 320 bilhões e US$ 2.087,64 bilhões em 2025, enquanto a corrente de comércio deve variar entre US$ 3.363,42 bilhões e US$ 3.711,36 bilhões.
Impactos das Novas Políticas Comerciais Americanas
Precisamos analisar com atenção as novas políticas comerciais americanas que estão prestes a impactar significativamente nossa relação com os EUA. As mudanças propostas para 2025 apresentam desafios consideráveis para o comércio Brasil-EUA.
Mudanças nas tarifas de importação
O cenário que se desenha para 2025 é desafiador, com Donald Trump prometendo implementar tarifas de importação de pelo menos 10% para todos os produtos que chegam aos EUA. Além disso, produtos chineses podem enfrentar tarifas ainda mais elevadas, chegando a 60%.
Para o Brasil, essas mudanças são particularmente preocupantes, pois somos apontados como um dos países mais vulneráveis a novas restrições nas exportações para o mercado estadunidense.
Efeitos nas exportações brasileiras
Os impactos dessas políticas em nossa economia serão multifacetados:
- Pressão inflacionária devido à possível desvalorização do real
- Redução na demanda por commodities brasileiras
- Aumento da concorrência com produtos chineses no mercado doméstico
Nossos setores mais afetados serão o de aço e alumínio, que representam exportações significativas para os Estados Unidos. Consequentemente, empresas desses setores precisarão se adaptar rapidamente às novas condições de mercado.
Estratégias de adaptação para empresas
Para enfrentar esse novo cenário, as empresas brasileiras têm buscado diferentes alternativas:
- Diversificação de mercados: Algumas companhias já estão expandindo suas operações para outros países, reduzindo a dependência do mercado americano.
- Estabelecimento local: Empresas como Gerdau e WEG têm optado por estabelecer operações diretas nos EUA, uma estratégia que tem se mostrado eficaz para driblar barreiras tarifárias.
- Parcerias estratégicas: A formação de joint ventures com empresas americanas tem sido uma alternativa para manter a competitividade.
Portanto, embora o cenário apresente desafios significativos, existem caminhos para adaptação. As empresas que conseguirem se antecipar e implementar estratégias adequadas terão melhores chances de sucesso nesse novo contexto comercial.
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