No dia 16 de setembro de 2025, o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) assinaram um acordo de livre comércio entre os dois blocos, gerando assim uma série de oportunidades para os exportadores brasileiros que querem entrar no mercado europeu. A iniciativa ocorreu em meio à expectativa pela aprovação do tratado já negociado entre o Mercosul e a União Europeia (UE) há alguns anos.
Vamos entender um pouco mais sobre esses dois blocos e a importância desse acordo para o Brasil e demais países do Mercosul?
O Mercosul, ou Mercado Comum do Sul, foi criado em 1991 pelo Tratado de Assunção e reúne países da América do Sul com o objetivo de promover a integração econômica, política e social da região. Os membros fundadores são Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e ao longo do tempo o bloco recebeu novos integrantes, como a Venezuela, suspensa desde 2016, e a Bolívia, que está em processo de adesão plena. A principal característica do Mercosul é a formação de uma união aduaneira: há livre comércio entre os países-membros e uma Tarifa Externa Comum aplicada a produtos vindos de fora. Além do comércio, o bloco também busca facilitar a circulação de pessoas e estimular a cooperação em áreas como ciência, cultura e educação.
Já a EFTA, Associação Europeia de Livre Comércio (European Free Trade Association), foi fundada em 1960 como uma alternativa à União Europeia e é formada atualmente por quatro países: Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Diferentemente do Mercosul, a EFTA não é uma união aduaneira, ou seja, cada país mantém suas próprias tarifas e políticas comerciais externas. O bloco tem como principal função negociar acordos de livre comércio que facilitem o acesso de seus membros a diferentes mercados ao redor do mundo, já que não fazem parte da União Europeia.
Relações comerciais entre o Brasil e os países do EFTA
Os países que compõem a EFTA somam cerca de 15 milhões de habitantes e registram, juntos, um PIB de aproximadamente 1,4 trilhão de dólares. Em termos de riqueza per capita, o bloco se destaca mundialmente: Liechtenstein é o segundo país mais rico do mundo, com cerca de 186 mil dólares por habitante; a Suíça ocupa a quarta posição, com 104,5 mil dólares; a Islândia aparece em sexto, com 87,2 mil; e a Noruega em sétimo, com 86,6 mil dólares.
Em 2024, as nações da EFTA foram responsáveis por 1,54% das importações brasileiras e 0,92% das exportações do Brasil. Nesse período, o comércio entre os blocos movimentou 7,14 bilhões de dólares, com 3,09 bilhões em cce 4,05 bilhões em importações, resultando em um saldo comercial negativo de 0,96 bilhão de dólares para o Brasil.
Entre os principais produtos importados da EFTA estão itens dos setores farmacêutico, químico e de máquinas e equipamentos. Já nas exportações brasileiras para o bloco, destacam-se metais básicos, produtos alimentícios e insumos de origem vegetal e animal, refletindo a diversidade e o potencial da pauta comercial entre as duas regiões.
Qual é a importância dos acordos comerciais para os países?
Os acordos comerciais são fundamentais para o desenvolvimento econômico dos países, pois promovem a integração entre economias, a ampliação de mercados e o fortalecimento das relações internacionais. Ao reduzir ou eliminar barreiras tarifárias e burocráticas, esses acordos facilitam o fluxo de bens, serviços e investimentos entre as nações, tornando o comércio exterior mais competitivo e eficiente. Além de impulsionar as exportações, os acordos comerciais também permitem o acesso a produtos e tecnologias estrangeiras a custos mais baixos, beneficiando consumidores e empresas locais.
Para os países em desenvolvimento, eles representam uma oportunidade de diversificar a pauta exportadora, atrair investimentos externos e aumentar a produtividade por meio da transferência de conhecimento e inovação. Outro ponto importante é o aspecto geopolítico, visto que os acordos fortalecem alianças estratégicas, aproximam economias e aumentam o poder de negociação dos países em fóruns internacionais.
E o acordo Mercosul x União Europeia?
Após 25 anos de negociações, a Comissão Europeia apresentou no dia 3 de setembro de 2025 o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e por uma maioria qualificada dos países do bloco.
A proposta divide opiniões: enquanto Alemanha e Espanha defendem o acordo como uma oportunidade para ampliar exportações, diversificar parcerias e garantir acesso a minerais estratégicos para a transição energética, países como França, Itália e Polônia se opõem, temendo prejuízos ao setor agrícola europeu diante da concorrência sul-americana. A França, em especial, lidera a resistência, preocupada com a entrada de produtos agropecuários do Mercosul e alegando riscos ambientais. Mesmo com as promessas de benefícios comerciais e geopolíticos, o futuro do acordo ainda é incerto, já que sua aprovação depende de superar a oposição interna e as pressões políticas dentro da própria União Europeia.
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